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Estou com COVID-19. O que não fazer?

Atualizado: 27 de out. de 2021

Eu não tive COVID-19 mas tive sintomas suspeitos e cheguei a ficar isolado aguardando o tempo ideal para testar com RT-PCR. O teste foi negativo e a evolução dos sintomas não foram compatíveis com infecção por coronavírus, contudo senti um pouco de ansiedade diante da possibilidade do diagnóstico.


A evolução da pneumonia viral causada pelo SARS-CoV-2 é imprevisível e infelizmente não dispomos de um antiviral eficaz que previna a evolução para as formas graves e óbitos. Foi assim que, diante do medo e incertezas, muitos pacientes e os próprios médicos instintivamente se apegaram a tratamentos ineficazes e múltiplos exames desnecessários.


Em matéria publicada no Diário de Pernambuco em 24/05/2021 (link aqui), alertei o que não fazer após o diagnóstico de COVID-19. Segue um reforço:



Não tomar antibióticos


COVID-19 é um infecção viral que comumente pode evoluir com febre prolongada e pneumonia. Antibióticos como Azitromicina, Levofloxacino, Amoxacilina e Cefuroxima não tem ação antiviral.


Outro dado importante é que infecções bacterianas em conjunto com o coronavírus (chamamos de coinfecção bacteriana) é uma situação que ocorre em um pequeno número de casos.


Tomar antibióticos desnecessariamente induz resistência bacteriana. Isso significa que você pode realmente precisar dele lá na frente, porém não vai mais funcionar. Além disso, muitos efeitos colaterais podem se somar aos sintomas da doença e piorar ainda mais a sua condição clínica (náusea, vômitos, diarreia, tontura, reações alérgicas, dor no estômago).


Lembre: o antibiótico não vai solucionar a febre prolongada ou a pneumonia causada pelo vírus!




Não iniciar corticoide precocemente


Os corticoides (Dexametasona, Prednisona e Prednisolona) tem efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores, ou seja, eles reduzem a imunidade. Na primeira semana da COVID-19, o processo inflamatório é baixo e a maioria das pessoas, principalmente as vacinadas, não vão ficar muito inflamadas.


O efeito dos corticoide é benéfico quando nosso organismo não consegue desenvolver uma resposta imune eficaz para combater o vírus e acaba levando a doença para uma fase onde uma inflamação exacerbada começa a causar danos, principalmente no pulmão.


Em resumo, deve-se usar corticoide em uma fase mais tardia da doença (segunda semana) naqueles pacientes que estão muito inflamados e principalmente precisando de oxigênio. Esta indicação pode ser extrapolada pelo médico analisando caso a caso, porém nunca se deve usar corticoide na primeira semana de doença, pois a redução da imunidade provocada pelo corticoide vai ajudar o vírus nesta fase, prolongar o tempo de doença e até aumentar a chance de morte.


O mesmo estudo que comprovou a eficácia da dexametasona em reduzir mortalidade nos casos graves de COVID-19 também mostrou uma tendência a maior mortalidade no grupo de pacientes que iniciou o corticoide precocemente.



Não fazer tomografia desnecessariamente


A tomografia é um exame que dá uma imagem do pulmão e demais estruturas torácicas com bastante detalhes. Com ela é possível estimar o percentual de acometimento pulmonar pela pneumonia viral, mas o quanto esta informação é importante?

De uma maneira geral, a tomografia não muda a conduta do médico. O grau de acometimento pulmonar se relaciona muito com a clínica do paciente e achados laboratoriais. Informações como persistência de febre, desconforto para respirar, saturação de oxigênio, hemograma e marcadores inflamatórios são suficientes para definir necessidade de internamento e início de corticoide.


Fazer uma tomografia nos primeiros dias de sintomas sempre vai dar acometimento leve ou inexistente e isso não vai mudar o tratamento.


A tomografia tem um papel importante nas seguintes situações:

  • Dúvida diagnóstica: alta probabilidade de COVID-19 porém com RT-PCR negativo - Diagnóstico de complicações: avaliação de suspeita de embolia pulmonar e infecções oportunistas em pacientes críticos;

  • Definir prognóstico e internamento de casos com evolução atípica em que os achados clínicos e laboratoriais não são suficientes para definir conduta.

O que é importante saber?


Fazer muitos exames e tomar muitos remédios não vai tratar a COVID-19. Procure um médico da sua confiança. Uma boa conversa vai te tranquilizar e muitas vezes apenas monitorar a doença é o melhor tratamento.


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